Mais uma vez, a APEOESP-SBC utiliza-se de uma nota à imprensa para denunciar as décadas de abandono da Escola Estadual Professora Palmira Grassioto Ferreira da Silva. Provavelmente, nenhuma escola da rede estadual em São Bernardo do Campo expresse tão bem o estágio avançado de precarização do ensino público.
Logo no estacionamento, moradores de rua estão frequentemente deitados entre os carros. Ao lado, uma quadra cheia de buracos que passou por uma reforma há alguns anos atrás, inclusive com a criação de uma cobertura que veio abaixo depois de um longo período sem manutenção. Pichações cobrem a escola de cima a baixo em cada uma das salas, cadeiras e carteiras. Ao entrar no prédio, o chão se encontra permanentemente molhado por uma mina d’água. Por essa razão, o bolor domina parte da pintura tornando o ambiente ainda menos acolhedor.
A sujeira é outro elemento que domina a escola. Duas funcionárias já de meia idade – num espaço que deveria contar com pelo menos seis – ficam na escola quase o dia inteiro para dar conta de mais de 15 salas por período. O recreio dos alunos ocorre num pátio sem ventilação e é dominado pelo cheiro de urina dos dois banheiros que ficam no mesmo espaço onde é distribuída a merenda.
Como se não bastasse essa situação de completo abandono, toda a semana os alunos são dispensados antes do horário por falta d’água, curiosamente, a mesma que jorra da mina no chão sem cessar. Assim como ocorre na escola, o bairro todo passa dias sem água, nem mesmo para cozinhar.
Na última segunda-feira, dia 06 de outubro, um fato novo mudou a rotina: uma cobra – isso mesmo, uma cobra! – foi encontrada na cozinha dos professores. Um professor se deparou com o animal peçonhento enquanto preparava sua refeição. O corpo de bombeiros teve que ser chamado para levar o animal.
Enquanto tudo isso acontece, os governos Lula/PT, Serra/PSDB e Marinho/PT buscam responsabilizar os professores pela má qualidade da educação. Impõem uma avaliação por desempenho do magistério, limitam o número de faltas médicas, dizem não ao reajuste linear dos salários, mas não tomam nenhuma iniciativa para solucionar os problemas estruturais da educação brasileira!
Todos esses fatos ilustram o desprezo pela vida de alunos, pais, professores, gestores e pelo ensino público, gratuito de qualidade. Uma situação que se estende por anos e que parece não ter mais fim...
A escola Palmira Grassioto necessita urgentemente de uma nova reforma discutida e acompanhada de perto pela comunidade escolar, da contratação de mais funcionários, condições de trabalho para todos os professores e funcionários, de segurança entre tantas outras demandas.